PSICOMETRIA

Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 
Psicometria
Mecanismo da psicometria
Expondo algumas anotações em torno da psicometria, considerada
nos círculos medianímicos por faculdade de perceber o
lado oculto do ambiente e de ler impressões e lembranças, ao
contacto de objetos e documentos, nos domínios da sensação a
distância, não é demais traçar sintéticas observações acerca do
pensamento, que varia de criatura para criatura, tanto quanto a
expressão fisionômica e as marcas digitais.
Destacaremos, assim, que, em certos indivíduos, a onda mental
a expandir-se, quando em regime de “circuito fechado”, na
atenção profunda, carreia consigo agentes de percepção avançada,
com capacidade de transportar os sentidos vulgares para além do
corpo físico, no estado natural de vigília.
O fluido nervoso ou força psíquica, a desarticular-se dos centros
vitais, incorpora-se aos raios de energia mental exteriorizados,
neles configurando o campo de percepção que se deseje
plasmar, segundo a dileção da vontade, conferindo ao Espírito
novos poderes sensoriais.
Ainda aqui, o fenômeno pode ser apreendido, guardando-se
por base de observação as experiências do hipnotismo comum,
nas quais o sensitivo – muitas vezes pessoa em que a força nervosa
está mais fracamente aderida ao carro fisiológico – deixa escapar
com facilidade essa mesma força, que passa, de pronto, ao
impacto espiritual do magnetizador.
O hipnotizado, na profundez da hipnose, pode, então, libertar
a sensibilidade e a motricidade, transpondo as limitações conhecidas
no cosmo físico.
Nestas ocorrências, sob a sugestão do magnetizador, o “sujet”,
com a energia mental de que dispõe, desassocia o fluido
nervoso de certas regiões do veículo carnal, passando a registrar
sensações fora do corpo denso, em local sugerido pelo hipnotizador,
ou impede que a mesma força circule em certo membro – um
dos braços por exemplo –, que se faz praticamente insensível
enquanto perdure a experiência, até que, ao toque positivo da
vontade do magnetizador, ele mesmo reconduza o próprio pensamento
revitalizante para o braço inerte, restituindo-lhe a energia
psíquica temporariamente subtraída.


Psicometria e reflexo condicionado
Nas pessoas dotadas de forte sensibilidade, basta o reflexo
condicionado, por intermédio da oração ou da centralização de
energia mental, para que, por si mesmas, desloquem mecanicamente
a força nervosa correspondente a esse ou àquele centro
vital do organismo fisiopsicossomático, entrando em relação com
outros impérios vibratórios, dos quais extraem o material de suas
observações psicométricas.
Aliás, é imperioso ponderar que semelhantes faculdades, plenamente
evidenciadas nos portadores de sensibilidade mais extensamente
extroversível, esboçam-se, de modo potencial, em todas
as criaturas, através das sensações instintivas de simpatia ou
antipatia com que se acolhem ou se repelem umas às outras, na
permuta incessante de radiações.
Pela reflexão, cada Inteligência pressente, diante de outra, se
está sendo defrontada por alguém favorável ou não à direção
nobre ou deprimente que escolheu para a própria vida.


Função do psicômetra
Clareando o assunto quanto possível, vamos encontrar no
médium de psicometria a individualidade que consegue desarticular,
de maneira automática, a força nervosa de certos núcleos,
como, por exemplo, os da visão e da audição, transferindo-lhes a
potencialidade para as próprias oscilações mentais.
Efetuada a transposição, temos a idéia de que o medianeiro
possui olhos e ouvidos a distância do envoltório denso, acrescendo,
muitas vezes, a circunstância de que tal sensitivo, por autodecisão,
não apenas desassocia os agentes psíquicos dos núcleos
aludidos, mas também opera o desdobramento do corpo espiritual,
em processo rápido, acompanhando o mapa que se lhe traça às
ações no espaço e no tempo, com o que obtém, sem maiores embaraços,
o montante de impressões e informações para os fins que
se tenha em vista.
Interdependência do médium
Como em qualquer atividade coletiva entre os homens, é forçoso
convir que médium algum pode agir a sós, no plano complexo
da psicometria.
Igualmente, aí, o sensitivo está como peça interdependente no
mecanismo da ação.
E como é fartamente compreensível, se os companheiros desencarnados
ou encarnados da operação a realizar não guardam
entre si os ascendentes da harmonização necessária, claro está que
a onda mental do instrumento mediúnico somente em circunstâncias
muito especiais não se deixará influenciar pelos elementos
discordantes, invalidando-se, desse modo, qualquer possibilidade
de êxito nos tentames empreendidos.
Nesse campo, as formas-pensamentos adquirem fundamental
importância, porque todo objeto deliberadamente psicometrado já
foi alvo de particularizada atenção.
Quem apresenta ao psicômetra um pertence de antepassados,
na maioria das vezes já lhe invocou a memória e, com isso, quando
não tenha atraído para o objeto o interesse afetivo, no Plano
Espiritual, terá desenhado mentalmente os seus traços ou quadros
alusivos às reminiscências de que disponha, estabelecendo, assim,
recursos de indução para que as percepções ultra-sensoriais do
médium se lhe coloquem no campo vibratório correspondente.


Caso de desaparecimento
Noutro aspecto, imaginemos que determinado objeto seja
conduzido ao sensitivo para ser psicometrado, com vistas a certos
objetivos.
Para clarear a asserção, suponhamos que uma pessoa acaba de
desaparecer do quadro doméstico, sem deixar vestígio.
Buscas minuciosas são empreendidas sem resultado.
Lembra-se alguém de tomar-lhe um dos pertences de uso pessoal.
Um lenço por exemplo.
A recordação é submetida a exame de um médium que reside
a longa distância, sem que informe algum lhe seja prestado.
O médium recolhe-se e, a breve tempo, voltando da profunda
introspecção a que se entregou, descreve, com minúcias, a fisionomia
e o caráter do proprietário, reporta-se ao desaparecimento
dele, explana sobre pequeninos incidentes em torno do caso em
lide, esclarece que o dono desencarnou, de repente, e informa o
local em que o cadáver permanece.
Verifica-se a exatidão de todas as notas e, comumente, atribui-
se ao psicômetra a autoria integral da descoberta.
Entretanto, analisado o episódio do Plano Espiritual, outras
facetas ele revela à visão do observador.
Desencarnado o amigo a que aludimos, afeições que ele possua
na esfera extrafísica interessam-se em ajudá-lo, auxílio esse
que se estende, naturalmente, à sua equipe doméstica. Pensamentos
agoniados daqueles que ficaram e pensamentos ansiosos dos
que residem na vanguarda do Espírito entrecruzam-se na procura
movimentada.
Alguém sugere a remessa do lenço para investigações psicométricas
e a solução aparece coroada de êxito.
Os encarnados vêem habitualmente apenas o sensitivo que
entrou em função, mas se esquecem, não raro, das Inteligências
desencarnadas que se lhe incorporam à onda mental, fornecendolhe
todos os avisos e instruções, atinentes ao feito.
Agentes induzidos
Todos os objetos e ambientes psicometrados são, quase sempre,
francos mediadores entre a esfera física e a esfera extrafísica,
à maneira de agentes fortemente induzidos, estabelecendo fatores
de telementação entre os dois planos.
Nada difícil, portanto, entender que, ainda aí. prevalece o
problema do merecimento e da companhia.
Se o consulente e o experimentador não se revestem de qualidades
morais respeitáveis para o encontro do melhor a obter,
podem carrear à presença do sensitivo elementos desencarnados
menos afins com a tarefa superior a que se propõem e, se o intermediário
humano não está espiritualmente seguro, a consulta ou a
experiência resulta em fracasso perfeitamente compreensível.
Nossas anotações, demonstrando o extenso campo da influenciação
dos desencarnados, em todas as ocorrências da psicometria,
não excluem, como é natural, o reconhecimento de que a maté
ria assinala sistemas de vibrações, criados pelos contactos com os
homens e com os seres inferiores da Natureza, possibilitando as
observações inabituais das pessoas dotadas de poderes sensoriais
mais profundos, como por exemplo na visão, através de corpos
opacos, na clarividência e na clariaudiência telementadas, na
apreensão críptica da sensibilidade e nos diversos recursos radiestésicos
que se filiam notadamente aos chamados fenômenos de
telestesia