SOBRE O PERDÃO - VISÕES ESPIRITUALISTAS

A TERAPIA DO PERDÃO Quando alguém nos pergunta se perdoaríamos alguém que nos fez uma ofensa, a maioria de nós responderia um sonoro não. Afinal somos feitos de carne e osso, somos humanos e como tal é muito difícil relevar uma ofensa. Mas... será que conviver com essa mágoa apertando o peito não é tarefa ainda mais árdua? “ Se eu desenvolver sentimentos negativos em relação àqueles que me fazem sofrer, apenas destruirei a minha paz”, ensina o guru dalai-lama em seu livro A Sabedoria do Perdão (Martins Fontes). “Agora, se eu perdôo, minha mente fica calma”. O mestre budista tibetano acrescenta que essa é umas das práticas mais importantes para quem quer progredir espiritualmente. “Para reduzir o ódio e outras emoções destrutivas, você deve desenvolver seus opostos – compaixão e bondade”. Vamos refletir como. Dar outra face? Como Assim? Algumas religiões pregam que o pecador, não é alguém ruim, e sim digno de ajuda. Além disso, “você também erra vez ou outra, portanto pode reconhecer as fraquezas alheias e estender a mão”. Isso não significa submeter-se calada às agressões nem abrir um “guichê da absolvição”, desculpando tudo e todos que de alguma forma feriram seus sentimentos. Pôr limites, dizer “Você vai até aqui, não vou permitir que ultrapasse essa linha e me prejudique”, é saudável. Apenas evite guardar ressentimentos e procure entender a situação”, sugere o frei Carlos. “ No dia da Paixão, quando um dos algozes deu um tapa no rosto de Jesus, ele não se calou. Reagiu, perguntando o que havia feito de errado”. Essa deve ser nossa atitude reagir o mal, porém compreendê-lo. Perdoar também não é ser boba e sim madura.È saber tirar aprendizado do fato. Colocar-se no lugar do outro. Se você entende a natureza humana, os motivos que levaram a pessoa a feri-la, fica mais fácil não sofrer nem entrar na roda-viva de querer se vingar. No fundo, todo mundo tem dentro de si um lado desonesto, a questão é que diante da oportunidade, uns escolhem manifestá-lo e outros não. E se você entra na mesma sintonia negativa, passa a colher o que não quer.




Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/1763059-terapia-perd%C3%A3o/#ixzz1ogPGlsd6
Renascer das cinzas. A gente sabe que algumas feridas são tão profundas que a mais compreensiva das criaturas teria dificuldade de curá-la. Entrar em contato com a dor, refletir sobre ela, transpor uma fase que parece levar séculos e sair sem olhar para trás, tomando o caminho do único rio que nos tira de lá, que é o esquecimento. “ Mas alto lá, esquecer, nesse caso, não significa fingir que nada aconteceu. É renunciar ao desejo de magoar os outros ou a nós mesmos por algo que pertence ao passado”, esclarece Gerald Jampolky no livro Perdão e Cura para Todos os Males. Absolver a si mesma. A sensação de carregar um peso no coração nem vem do fato de ter sido traída pelo namorado, prejudicada no trabalho ou negligenciada pelo país. Em muitos casos o inimigo está dentro e não fora. Você convive com a culpa por um relacionamento desfeito achando que poderia ter se dedicado mais, ou sente remorso por brigar tanto com sua mãe, por não telefonar para aquela amigona? Talvez seja hora de praticar o auto perdão. O professor de budismo e mestre de meditação Jack Komfiel dá o passo-a-passo para a remissão íntima no livro a Arte do Perdão, da Ternura e da Paz (Cultrix). Ele orienta a sentar-se, fechar os olhos e manter a respiração calma. “Sinta todas as barreiras que ergueu e as emoções que tem carregado por não perdoar, nem a si mesma nem aos outros. Sinta a dor por manter o coração fechado”. Depois, recite estas palavras: “ Assim como eu tenho causado sofrimento aos outros, tenho me ferido e me prejudicado de várias maneiras. Tenho traído e abandonado a mim mesma em pensamento, palavra ou ação, consciente ou inconsciente, eu agora concedo um total e sincero perdão. Eu me perdôo, eu me perdôo.
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O perdão das ofensas


Paulo Henrique D. Vieira


de Uberlândia, MG


São claras as palavras de Jesus no evangelho de Mateus, 5: 43 e 44: “Ouvistes que foi dito: Amarásao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem e caluniam; (…)”.


Nesta parte de um de seus evangelhos, Jesus trata de uma das mais complexas dificuldades do ser humano: perdoar à quem o ofende.


Passados dois mil anos, será que nós já conseguimos assimilar e praticar mais efetivamente este preceito do mestre?


Quem de nós nunca sentiu no âmago do ser, o quanto é duro ser humilhado, ser perseguido ou caluniado, muitas vezes indebitamente.


Uma das grandes diferenças entre o comportamento de Jesus e o nosso, é que Ele além de pregar, também exemplificava o que preconizava.


Certa vez depois de proferir uma palestra em um centro espírita, fui abordado por um jovem que disse querer me falar algumas palavras. Aquiesci prontamente, convidando-o a nos sentarmos em um banco que estava próximo.


O jovem me relatou que há algum tempo atrás estava em seu trabalho com um colega e este fizera uma brincadeira de mau gosto com uma funcionária de sua seção. Esta reclamou na gerência e ambos foram chamados em separado pelo gerente da loja para prestar esclarecimentos. Dissera-me ele que como a corda arrebenta sempre do lado mais fraco, seu colega – que ocupava um cargo superior ao seu – atribuíra a autoria da brincadeira a ele e que por mais que tivesse tentado explicar ao gerente que não fora autor do desagravo, levara uma advertência da loja.


O rapaz relatou-me ter ficado bastante consternado com o fato e que desde então passara a alimentar um rancor pelo seu colega de trabalho, agravado pelo fato de ter que vê-lo todos os dias.


Ouvi a narrativa sensibilizado e recordei-lhe (pois me revelara ser espírita) que Jesus havia recomendado o perdão incondicional das ofensas e que o Espiritismo viera revelar ao homem que todas as dores, todas as vicissitudes porque passamos são destinadas ao nosso aperfeiçoamento moral, características de um planeta de provas e expiações.


Recomendei-lhe que se era difícil o perdão imediato aquele que o prejudicara, que orasse em favor do seu antagonista e que se aspiramos realmente a seguir o exemplo Daquele que se imolou em prol da humanidade, urgia suportar ofensas e dores.


O semblante do jovem parecia refletir tudo aquilo que eu lhe falara e este me disse que pensaria melhor no assunto. Despedimos jubilosos e cada qual tomou o caminho de sua casa.


Algum tempo depois estava eu no meu trabalho, e fui ofendido por um colega, vítima também de uma acusação indébita.


Silenciei diante da ofensa, mas pude sentir na pele, em minha condição de criatura humana, o quanto era difícil suportar a ofensa que nos é dirigida em rosto.


Lembrei-me daquele jovem e indaguei se a vida não me fazia a seguinte pergunta:


— Você é muito bom para pregar, mas será que já consegue exemplificar?


O espírito de Manoel P. Miranda diz que “(…) o ódio é fruto do egoísmo, do personalismo magoado1 e Kardec comenta no Evangelho segundo o Espiritismo que “O ódio e o rancor denotam uma alma sem elevação e sem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima do mal que lhes quiseram fazer. (…)” 2


É certo que a maioria de nós ainda se melindra diante da ofensa, pois somos todos espíritos em evolução, a bordo da nave Terra. Mas se realmente já desejamos assinalar a luz que resplandece do evangelho do Consolador Prometido, devemos nos lembrar que toda dor chega e passa e que Ele próprio disse que “(…) todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado”.(Lucas, XIV: 11)


Mas além disso, o Espiritismo veio revelar ao homem um sentido mais amplo para o perdão das ofensas. Não se trata apenas de uma questão moral, da prática muitas vezes da falsa bonomia.


Allan Kardec também abordou no mesmo capítulo do Evangelho segundo o Espiritismo, que citamos anteriormente, no item “Reconciliar-se com os Adversários”, que na prática do perdão e do bem em geral, além de um efeito moral, há um efeito também material, pois a morte não nos livra dos nossos inimigos. Daí a causa da maioria dos casos de obsessão, pois “O espírito mau espera que aquele a quem quer mal esteja encerrado em seu corpo, e assim menos livre, para mais facilmente o atormentar, (…)”.


A nossa dificuldade em perdoar, se dá em grande parte por causa do orgulho ferido.


Todos nós que abraçamos o Espiritismo, temos que nos lembrar que nenhuma dor é por acaso e que esta doutrina nos dá o lenitivo para todas as dores, todas as decepções porque ainda é necessário que passemos.


E em se falando de perdão, mais uma vez recordamos a figura do mestre, que durante o seu apostolado de luz salientou a importância do perdão das ofensas, numa reformulação da lei mosaica. Lembremo-nos que mesmo perseguido, zombado e ultrajado pela multidão, diante da cruz, Jesus invocou o perdão irrestrito nas palavras:


“— Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem.” (Lucas, XXIII: 34)


1. - Nas Fronteiras da Loucura, Análise das Obsessões - psicografia de Divaldo P. Franco.


2. - KARDEC, Allan - O Evangelho segundo o Espiritismo – Perdoai para que Deus vos perdoe, Cap. X. Edição EME.


(Jornal Verdade e Luz Nº 169 de Fevereiro de 2000)


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ALEGRIA E TRIUNFO  - LOURENÇO PRADO



CAPÍTULO V
A LEI DO CARMA E A LEI DO PERDÃO
Dai e dar-se-vos-á; boa medida,
recalcada, sacudida, transbordando, vos
porão no regaço; porque a medida de que
usais dessa tornarão a usar convosco.
Lucas, 6:38.
Pois, se perdoardes aos homens as
suas ofensas, também vosso Pai celestial
vos perdoará; mas se não perdoardes aos
homens, tão pouco vosso Pai perdoará
vossas ofensas.
Mateus, 6:14.


Recebereis apenas na proporção em que dais, nem um ceitil mais, nem um
ceitil menos. O jogo da vida é um jogo de dádivas.
Os vossos pensamentos, atos e palavras voltam para vós, cedo ou tarde,
com espantosa exatidão. Tal é a Lei do Carma, isto é, da “reação” ou “volta”,
como designa essa palavra sânscrita.
Como disse o fundador do Cristianismo: “Aquilo que o homem semeia virá
a colher.”
Uma senhora relatou-me o seguinte caso pessoal que serve de exemplo
para a lei:
“Construo todo o meu Carma em minha tia. Tudo o que digo a ela, alguém
me repete. Muitas vezes me irrito em casa e certa ocasião disse a minha tia que
gostava muito de conversar à refeição: “Não quero mais conversa; desejo comer
em paz”. No dia seguinte, ao tomar o meu lanche em companhia de uma senhora a
quem desejava produzir a melhor impressão possível, falava-lhe com animação,
quando ela se voltou para mim e disse: “Não quero mais conversa; desejo comer
em paz”.
Essa senhora tinha a consciência muito elevada e, por isso, o seu Carma lhe
era retribuído com grande rapidez e facilidade. Quanto mais conhecerdes a lei
espiritual, mais responsável sois e, se não a praticardes, maior será o vosso
sofrimento.
Diz o Livro dos Provérbios:
“O temor do Senhor (a Lei) é o começo da sabedoria.” Se substituirdes a
palavra Senhor pela palavra Lei, muitos trechos da Bíblia se tornarão mais claros.
“A Vingança é minha, eu retribuirei”, diz o Senhor (a Lei). É a Lei que
vinga e não Deus.
Deus vos vê como ser perfeito, “criado à sua própria semelhança
(imaginação), e possuindo poder e domínio. Essa é a perfeita idéia de vossa
entidade, registrada na Mente Divina, à espera de vosso reconhecimento, pois só

podereis manifestar o que a vossa mente puder ver que sois e alcançar aquilo que

ela vos vê alcançando.
Uma sentença antiga diz que “nada acontece sem um espectador” (que é o
subconsciente do indivíduo).
Antes que a vossa ruína ou triunfo, ou antes que a vossa alegria ou tristeza
apareça no plano visível, é preciso que seja vista por vós no cenário de vossa
imaginação, onde podereis destruí-Ia antes de se materializar. Podeis observar
isso na mãe que forma imagens de moléstias para seu filho ou na mulher que
forma imagens de triunfo para seu esposo.
Disse Jesus Cristo: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
Vedes, portanto, que a libertação de todas as condições infelizes vos virá pelo
conhecimento da lei espiritual.
A obediência deve preceder a autoridade, e a lei vos obedecerá quando lhe
tiverdes obedecido em primeiro lugar. Antes que a eletricidade possa obedecervos
e prestar-vos um serviço, é preciso que obedeçais às suas leis. Se a
empregardes ignorantemente, poderá tornar-se vossa inimiga. O mesmo acontece
com as leis mentais.
O caso de uma senhora que possuía uma forte vontade pessoal serve de
ilustração. Desejando possuir a casa que pertencia a um seu conhecido, fez
diariamente pinturas mentais de si mesma residindo naquela casa. Passado algum
tempo, o proprietário morreu e ela tomou posse da casa. Porém, não levou muito
tempo e ficou viúva, tornando-se a casa inútil para ela.
Anos depois, tendo chegado ao conhecimento da lei espiritual, perguntou
ao seu professor mentalista. “Julgai que eu tenha alguma coisa com a morte
daquele homem?”
A resposta que obteve foi a seguinte:
“Sim; vosso desejo foi tão forte, que tudo deu lugar para ele, porém,
tivestes de pagar vossa dívida cármica. Vosso esposo, a quem amáveis muito,
faleceu logo depois e a casa se tornou para vós coisa inútil.”
Entretanto, se o primeiro proprietário tivesse sido positivo na sua idéia de
verdade, não poderia ser afetado pelos pensamentos daquela senhora, e o mesmo
se daria com seu marido; porém, ambos estavam sob a dependência da lei
cármica.
Sentindo o grande desejo de residir naquela casa, a senhora devia ter dito:
“Infinita Inteligência, dai-me a casa justa, tão encantadora, como esta, a casa que
me pertence por direito divino.”
A escolha feita divinamente, lhe teria dado completa satisfação e produzido
bem para todos.
O único ideal ou modelo que deveis seguir é o ideal ou modelo divino.
O desejo é uma força tremenda, que deve ser dirigida pelos canais justos,
pois, do contrário, produzirá confusão e ruínas.
O passo mais importante e o primeiro a dardes na aplicação das forças
espirituais, está em pedirdes o que é justo. Deveis pedir sempre só o que vos
pertence por direito divino.
Para voltarmos ao exemplo citado, se a mulher tivesse tomado esta atitude:
“Se esta casa que desejo for para mim, não poderei perdê-la; se não for para mim,

dai-me seu equivalente”, o homem podia ter resolvido mudar-se

harmoniosamente, se essa fosse a preferência divina para ela, ou outra casa a teria
substituído perfeitamente. Tudo o que é forçado a manifestar-se pela vossa
vontade pessoal sempre sai mal ou termina mal.
O Senhor avisa-nos: “Seja feita a minha vontade e não a tua, e - coisa
curiosa - quando abandonais a vossa vontade pessoal e deixais que a Inteligência
Infinita aja por vosso intermédio, sempre alcançais exatamente o que desejais.”
“Ficai quietos o vedes a salvação que o Senhor (a Lei) vos dará”. (II
Crônicas, cap. 20. vers. 17).
Uma senhora se dirigiu a mim em grande aflição. Sua filha havia decidido
fazer uma viagem muito arriscada e ela receava muito pela jovem. Referiu que
havia empregado todos os argumentos possíveis, apontando os perigos que
encontraria e proibindo que partisse; porém, a filha se tornara cada vez mais
rebelde e determinada.
Expliquei à mãe: “Estais querendo impor a vossa vontade pessoal à vossa
filha, o que não tendes direito de fazer, e vosso medo da viagem não está fazendo
mais do que atraí-Ia, pois a pessoa atrai o que teme. Abandonai isso e retraí vossa
intervenção mental. Colocai o caso nas mãos de Deus e fazei a seguinte
afirmação: “Deponho esta situação nas mãos do Infinito Amor e Sabedoria. Se
essa viagem é o plano divino escolhido por Deus, abençôo-a e não mais resisto;
porém, se não for divinamente planejada, dou graças por ser agora dissolvida e
desfeita”.
Passados dois ou três dias, a filha declarou-lhe: “Mamãe, abandonei a idéia
da viagem”. Assim, a situação voltou ao seu “nada primitivo”.
Parecer-vos-á difícil aprenderdes a “aquietar-vos” e, para isso, deveis
meditar bem sobre o que vos disse no capítulo da Lei da não-resistência.
Darei outro exemplo do semear e receber, que foi relatado por uma senhora
mentalista e se realizou de um modo curioso. Ela referiu o seguinte:
“Uma senhora se dirigiu a mim e mostrou-me uma nota falsa de vinte
dólares que recebera de um banco. Achava-se muito aflita e disse-me que os
auxiliares do banco jamais reconheceriam que se enganaram.
“Respondi-lhe: “Analisemos a situação e vejamos por que a atraístes”.
Refletiu um momento e exclamou: “Sei o porquê. Mandei, por brincadeira, a uma
amiga um punhado de imitação de dinheiro”. Por isso a lei que nada sabe de
brincadeiras, lhe enviara aquela nota falsa.
Propus-lhe então: “Apelemos agora para a lei do perdão e neutralizaremos
a situação. O Cristianismo é fundado na Lei do Perdão. Jesus Cristo nos remiu do
peso da Lei Cármica, e o Cristo que está dentro de cada ser humano é o redentor e
salvador de todas as condições desarmoniosas”. Fiz, portanto, o seguinte pedido:
“Espírito infinito, apelo para a lei do perdão e vos dou graças, porque ela se acha
sob vossa graça e não pode perder os vinte dólares que lhe pertencem por direito
divino.” E dirigindo-me à senhora, disse-lhe que voltasse ao banco e dissesse sem
receio que a nota lhe foi dada por engano. Ela obedeceu e ficou surpreendida de
ver que lhe pediram desculpas e lhe deram outra nota, tratando-a de modo muito
cortês”.

Portanto, o conhecimento da lei vos dá o poder de apagar os vossos erros”.

Não podeis forçar o vosso exterior a ser o que não sois interiormente, na vossa
consciência. Se desejais a riqueza, deveis ser primeiro rico em vossa consciência.
Refere um mestre em metafísica:
“Uma senhora se dirigiu a mim para pedir que a tratasse para obter
prosperidade. Ela não dava muita atenção aos assuntos domésticos e seu lar estava
em grande desordem. Aconselhei-a da seguinte forma: “Se quiserdes ser rica,
deveis ter ordem. Todos os homens de grande riqueza apreciam a ordem, que é a
primeira lei divina. Nunca alcançareis a riqueza, se conservardes um fósforo
queimado na alfineteira.”
“Ela possuía um bom sentimento de humorismo e imediatamente se pôs a
arranjar a sua casa. Modificou a disposição dos móveis, consertou as gavetas da
escrivaninha, limpou os tapetes e pôs fora todas as miudezas inúteis. Pouco tempo
depois, teve uma bela demonstração financeira, recebendo um presente de um
parente. Ela mesma modificou-se muito, conservando a boa disposição com o seu
exterior e a atitude mental de que Deus era seu suprimento.”
Muitos dentre vós ignoram o fato que as dádivas e presentes são
colocações de dinheiro e que o economizar e guardar excessivamente levam
invariavelmente ao prejuízo. Dizem os Provérbios, cap. 11, vers. 24: “Um dá
liberalmente, e se lhe acrescenta mais e mais. Outro poupa mais do que é justo,
mas se empobrece.”
Um metafísico americano relata o seguinte fato, que serve de exemplo
ilustrativo:
“Conheci um homem que queria comprar um casaco de puro linho. Ele e
sua mulher se dirigiram a várias lojas, porém não encontraram o que ele queria.
Acharam que todos eram artigos muito ordinários. Afinal, lhes mostraram um que
o comerciante afirmou ser avaliado em mil dólares, porém cedia-lhe por
quinhentos, porque já estava no fim da estação. O dinheiro que possuía orçava por
uns seiscentos dólares. A mente racional lhe dizia: “Não podeis gastar num casaco
quase tudo o que possuís”. Porém, ele era muito intuitivo e não quis raciocinar.
Voltou-se para a mulher e disse: “Se comprar este casaco, ganharei muito
dinheiro!” A mulher consentiu na compra, mas sem entusiasmo.
“Mais ou menos um mês depois, ele recebeu dez mil dólares de comissão.
O casaco fê-lo sentir-se tão rico que o levou ao êxito e à prosperidade; sem ele,
não teria obtido a comissão que lhe deram. Aquela compra foi uma colocação de
dinheiro que lhe rendeu grande dividendo!”
Entretanto, se não derdes atenção a essa direção interna para gastar ou dar,
o dinheiro que despenderdes não vos dará proveito e nem ao que receber.
Uma senhora informou à sua família que, no dia de Ação de Graças, não
teriam um jantar adequado ao dia, pois, embora dispusesse do dinheiro, resolvera
economizá-lo. Dias depois, alguém penetrou em seu quarto e roubou-lhe a quantia
exata que devia despender naquele jantar.
A lei sempre apóia aquele que gasta sem temor e com inteligência, como
mostra o seguinte exemplo, citado por um metafísico:
“Uma de minhas alunas fora fazer compras, levando uma sobrinha em sua
companhia. Esta se pôs a chorar por um brinquedo que aquela dissera não poder

comprar-lhe. Repentinamente, porém, teve a idéia de que estava visualizando

necessidade e não o reconhecimento de Deus como seu suprimento! Comprou,
pois, o brinquedo e, ao se dirigirem para casa, encontrou no caminho a quantia
exata que despendera.”
Vosso suprimento será inesgotável e infalível quando tiverdes plena
confiança nele, porém, é preciso que vossa fé e confiança preceda a prova.
Disse Jesus: “Faça-se conforme a tua fé”. Escreveu S. Paulo: “A fé é a
substância das coisas esperadas, a evidência das coisas não vistas.” Com efeito,
ela mantém firmes a vossa visão mental, dissolvendo as imagens contrárias e, se
não desfalecerdes, no devido tempo, colhereis. Jesus Cristo vos trouxe a boa nova
(o Evangelho) da existência de uma lei superior à do Carma e que a transcende
completamente.
É a lei da graça e do perdão. A lei que liberta o indivíduo da lei de causa e
efeito, que é a lei das conseqüências. Colocai-vos debaixo da graça e não da lei.
Ensinam os Mestres que, nesse plano, o indivíduo colhe o que não semeou
e as dádivas de Deus são simplesmente derramadas sobre ele.
“Tudo o que o Reino possui lhe pertence”. Esse contínuo estado de bemaventurança
aguarda aquele que venceu o pensamento do gênero humano ou o
mundo, e que, diante das perseguições, dificuldades e obstáculos, diz no seu
íntimo: “Eu só, com Deus, sou maioria”. No pensamento mundano só há
tribulação; porém, Jesus Cristo disse: “Alegrai-vos; venci o mundo.”
O pensamento mundano é o pecado, a moléstia e a morte. Jesus viu a sua
absoluta irrealidade e disse que a moléstia e a tristeza passariam e que a própria
morte seria o último inimigo a ser vencido. Sob o ponto de vista científico,
sabemos agora que a morte pode ser vencida imprimindo na mente subconsciente
a convicção de vida e mocidade eternas.
Sendo apenas uma força sem direção, vossa mente subconsciente executa
as ordens sem fazer objeção. Agindo sob a direção de vosso superconsciente
(Deus em vós ou o vosso Cristo interno), ela pode produzir a “ressurreição de
vosso corpo”. Então, não mais abandonareis o vosso corpo pela morte. Ele será
transformado no “corpo elétrico”, cantado por Walt Whitman.
A histórica filosófica do mundo se resume nas três palavras: Fatalismo,
Carma e Livre Arbítrio, que constituem a base fundamental de todas as religiões
antigas e modernas.
O Maometano encara as calamidades com a cabeça inclinada e com a
calma do mais completo abandono, tendo na boca a palavra “Kismet” que, para
ele, é o Destino Inexorável.
O Brâmane, o Budista e o Jaino sofrem estoicamente a ruína e o desastre,
murmurando a palavra “Carma” a lei invariável das conseqüências.
Os cristãos suspiram tristemente, dizendo: “É a imperscrutável vontade de
Deus” - ou o Destino.
Os gnósticos, materialistas ou ateus empregam as palavras coincidência,
sorte e destino para designar as coisas inexplicáveis que lhe sucedem.
O ocultista, porém, afirma que o destino e o livre arbítrio se reúnem na
ação da lei de causa e efeito.

A maioria dos seres humanos segue, na prática, a doutrina do fatalismo.

Todos os fatalistas colocam fora de si mesmo o poder que determina o destino, e
nisso está a fraqueza e inexatidão desse sistema, porquanto a base do fatalismo é
que sofreis os efeitos de causas que não pusestes em atividade. O fatalismo retira
o livre arbítrio do homem e, fazendo-o, priva-o de toda responsabilidade moral,
pois se um Deus, caprichosamente, criou o homem no pecado, dando-lhe caráter e
ambiente que fazem proceder mal, então, Deus é o responsável.
A questão da crença que “tiverdes” é muito importante pois, “como o
homem pensa em seu coração, assim é ele”. Aquilo que realmente acreditais - e o
que dizeis que credes - manifestais em vossa vida exterior”.
Se aceitais uma doutrina ou teoria, inconscientemente a seguis e, portanto,
antes de aceitá-las, deveis, examinar bem os seus princípios, porque, seguindo-os
resultarão deles certas conseqüências em vossa vida.
Se não tiverdes uma crença firme sereis um indivíduo instável, vacilante e
sem equilíbrio, não sendo possível confiar em vossas palavras.
A Lei do Carma, que constitui parte essencial dos credos do Oriente,
também, na prática, é considerada fatal pela maioria dos povos. É a lei de Causa e
Efeito, à qual Jesus se referiu quando disse: “Não julgueis para não serdes
julgados. Pois, conforme julgardes, sereis julgados, e com a medida que
empregardes vos será medido”.
S. Paulo também se referiu a isso quando disse: “Não vos iludais; ninguém
zomba de Deus, pois aquilo que o homem semear, virá a colher.”
Conforme as religiões indianas, o homem entra na vida terrestre no
ambiente que seu Carma passado - pensamentos e atos - criou. Talvez um
exemplo vos permitirá formar uma idéia mais clara:
“Havia um homem rico, em certa cidade, o qual vivia como a maioria de
sua classe, somente para gozar a vida. Encontrou uma mulher negativamente pura,
da qual logo se fez amante. Após algum tempo, ele cansou-se de uma vida inútil e
desregrada, e resolveu emendar-se. A mulher fez-se amante de outros, até cair,
finalmente, na mais baixa degradação. Entretanto, desde o momento em que
cortara suas relações com aquela mulher, o homem elevou-se cada vez mais
mental e moralmente; e, depois de algum tempo, pareceu que se haviam
esquecido completamente.
“Enfim, desencarnaram. O homem reencarnou-se em primeiro lugar e, em
virtude de sua vida anterior mais perfeita, nasceu numa família boa e foi educado
em ambiente que o levou a uma vida intelectual e moral.
“Terminados os seus estudos, escolheu o ministério por profissão, julgando
que, dessa forma, poderia ajudar melhor seus irmãos. Recebeu uma paróquia e
casou-se. O Ego a quem desviara do caminho estava à procura de reencarnação. A
mente Divina não havia esquecido a antiga relação entre esses dois Egos e que
aquele homem produzira a queda moral do outro. A corrente magnética que unira
fortemente os dois em uma existência anterior não havia sido cortada e ela os
reuniu novamente. O Ego que tivera a personalidade feminina encarnou-se como
filho do ministro. O Carma, constituído pelos antigos pensamentos e atos, os
havia reunido. Quando o rapaz se fez homem, todos os antigos desejos
insatisfeitos de dissipação se levantaram, e ele se entregou a uma vida dissoluta.

Isso trouxe muito aborrecimento e vergonha para o ministro, seu pai, porém

provinha do Carma e era justo. Noite após noite, procurava seu filho nos
ambientes do vício e o trazia para casa. Diariamente conversava com ele e orava
para que mudasse de proceder. Seu maior desejo na vida era levar seu filho para o
bom caminho. Assim, esses dois Egos permaneceram ligados pelos seus atos até
que o pai, finalmente, elevou o filho ao plano moral de onde o fizera cair.”
Tal é o destino criado pelo próprio indivíduo.
Os hindus reconhecem também o fato que os pensamentos e atos atuais
formam o futuro tanto da existência atual na terra como da seguinte. Porém, dão
excessiva importância ao Carma como efeito e pouca como causa, e assim, os
hindus e os estudantes ocidentais de filosofia oriental facilmente se inclinam a
pensar que o Carma, embora feito pelo indivíduo, é quase inexorável. Não se
compenetram muito bem de que o destino, sendo feito pelo indivíduo, pode ser
modificado por ele. Enfim, não dão a devida força ao Livre Arbítrio.
O principiante do Ocultismo está sujeito a formar essa mesma idéia do
Carma, pois, como dissemos, a maioria das pessoas pouco desenvolvidas é
fatalista.
Os estudantes fazem amiúde esta pergunta: “Se o meu ambiente é cármico,
como poderei mudá-lo?”
Respondo sempre: “Não vos esqueçais que o Carma é causa e efeito ao
mesmo tempo; não vos esqueçais que tendes livre arbítrio e, portanto, podeis
esperar passivamente que a lei mude vosso ambiente, o que se dará no devido
tempo, ou podeis modificá-lo no presente, pondo em atividade novas causas.”
Ao dizer que o homem tem livre arbítrio, não pretendo que julgueis que é
absolutamente livre, mas sim, que tem a liberdade de empregar ou não as forças
da natureza, a liberdade de agir de acordo com a Vontade Divina ou contra ela.
A vossa vontade não só é limitada pela vossa falta de conhecimento da
Vontade Divina, mas também modificada amiúde pela vontade dos outros.
Porém, se vos habituardes a confiar plenamente na Vontade Divina, esta,
unida à vossa vontade, vos permitirá escapar completamente da influência de
qualquer vontade estranha.
A Lei da Graça e do Perdão, reconciliando-vos com o Criador, produzirá
uma completa transformação no vosso íntimo, fazendo de vós um homem novo.
Para vencerdes a lei do Carma e vos colocardes sob a lei da graça e do
perdão, é preciso perdoardes a todos, seja o que for que vos tenham feito e seja
qual for o motivo que tiverdes para vos queixardes; é preciso que esqueçais não só
os erros dos outros, mas também os vossos, por maiores que sejam.
A lei de que colhereis o que semeastes não deixa de existir por vos
colocardes sob a lei da graça, porém, venceis os seus efeitos externos por meio de
uma lei superior, a qual vos eleva acima das leis de causa material, como o
conhecimento das leis da aeronáutica vos permite viajar de avião, não precisando
mais sujeitar-vos às leis de viagem a pé, a cavalo, por trem de ferro ou por
automóvel.
À proporção que vos fordes convencendo da realidade destas leis
espirituais e as aplicardes em vossas existências, ireis colhendo o fruto de uma
existência mais concorde com os princípios de Harmonia, Amor, Verdade e

Justiça, em que o progresso material correrá paralelamente ao desenvolvimento

espiritual, pois são os dois pólos de uma mesma coisa.


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