Caminhos sinuosos que muitas vezes os espíritos percorrem para se comunicarem com os familiares encarnados...

Aconteceu na Comunhão Espírita Cristã de Piedade, numa sessão de Estudos da Doutrina, trabalho esse que realizamos nas tardes de sábado.
Após o encerramento, como costumamos fazer, perguntamos se alguém havia percebido ou visto ou algo  e  Maria Antônia, médium, nos disse ter visto durante toda a aula uma bailarina dançando ao som de uma música que ela não conseguira identificar.  Este fato se deu no dia 12 de junho de 2010.
Na semana seguinte, enquanto fazíamos as vibrações e a prece de encerramento, Maria Antônia psicografava.  A seguir fizemos a pergunta costumeira e ela afirmou ter visto novamente a a mesma  bailarina. Pedimos para que lesse o texto por ela psicografado e ela  então começou:
" Minha querida professora Vilma , as saudades de vocês são muitas, digo, da senhora, dos familiares deixados neste mundo de meu Deus. Uma terrível dor de cabeça e entrei em óbito. Muito tempo em tratamento médico espiritual até recuperar-me. Sentindo saudades, como já havia dito, voltei à Pìedade, cidade que amo de coração. Rever amigos, tios e primos foi muito gratificante. Não poderia despedir-me sem antes participar desse estudo doutrinário. Foi muito bom rever a minha querida professora de piano nos tempos de minha juventude. Anos dourados ! Quantos sonhos ! As lágrimas banham minha face, mas são de alegria, de felicidade. Abraços carinhosos, juntamente com beijos e agradecimentos da aluna que jamais a esquecerá. "
ass. Maria Emília Brand Rosa                 Valeu!!!

Neste momento eu tinha os olhos banhados em lágrimas. Maria Emília fora uma das inúmeras alunas que tive. Maria Antônia então me perguntou se eu percebia alguma relação entre a bailarina e a mensagem que acabara de receber.
Sim! Lembrava-me perfeitamente agora. Há muitos anos atrás, nem sei dizer quantos, Maria Emília me convidara para o seu aniversário. Iria completar 14 ou 15 anos, não lembro ao certo. Comprei  então uma caixinha de jóias, dessas que, ao ser aberta, faz surgir uma pequena bailarina dançando ao som de uma música.  Fiz então uma brincadeira com ela. Coloquei o presente embrulhado com muito capricho em uma caixa maior, cheia de papel picado; essa caixa foi colocada dentro de outra ainda maior e assim por diante, até que o presente parecia ser algo bastante grande.
Quando cheguei à sua casa a família já estava toda reunida, amiguinhas e colegas à sua volta. Ao me ver correu a abraçar-me. Retribuí o abraço com carinho e lhe dei o volumoso pacote. Admirada com o tamanho do presente, começou a abrir. Tirava caixas e papel, papel e caixas e ria, ria muito. Seu riso era contagiante e todos riam. Finalmente encontrou o presente e me agradeceu como aquele sorriso que transbordava felicidade. Aliás, lembro-me dela sempre assim, a sorrir.
Os anos passaram e nossas vidas seguiram rumos diferentes. Ela se casou com o rapaz de seus sonhos e teve três filhos e uma filha. Poucas vezes nos vimos  a partir daí,   já que passou a morar em Sorocaba.
O desencarne chegou cedo para ela e só dias depois tive conhecimento do fato. Esta mensagem psicografada  trouxe-me muita alegria e emocão. Guardei-a  com carinho dentro do meu "Evangelho" e a li por várias vezes. 
O mais admirável de tudo isso e  que nos  mostra os caminhos, às vezes,  tortuosos que a espiritualidade encontra para se comunicar com os entes queridos, estava para chegar. Através de um amigo, meu filho Dilermando veio  a conhecer o filho caçula de Maria Emília. Com aquela maneira peculiar que tem de fazer amizades facilmente, convidou o novo amigo para um churrasco em sua casa.
A Mara, esposa do Dilermando chegou do trabalho e o encontrou, feliz preparando o churrasco para o seu novo amigo, e ele veio com a esposa e seus dois filhos pequenos.  De última hora, como costuma muitas vezes fazer, ligou para nós,  seu pai e eu, convidando-nos.
Naturalmente nós fomos e lá ficamos conhecendo o amigo em comum e seu novo amigo. Conversávamos descontraídos quando de repente lhe perguntei,  como que afirmando:
_  Vocês não são daqui de Piedade, estou certa ?
_  Não - respondeu ele. Somos de Sorocaba, mas minha família é daqui. A senhora deve conhecer a família Brand Rosa !
_  Naturalmente ! O Zezinho e a Sandrinha foram meus alunos de piano ! - respondi entusiasmada .
_  Eu sou o filho caçula da Maria Emília !
Fiquei arrepiada. Não me contive e perguntei de súbito:
_  Você acredita no Espiritismo ?
_  Sim, acredito -  afirmou.
Contei-lhe então o que acabo de lhes expor.
A seguir fui até minha casa, que fica ao lado da do meu filho, peguei a mensagem e a levei a ele.
Impossível descrever a emoção que se apoderou dele ao ler a carta da mãe. Ao terminar chorava dizendo:
_  É dela mesmo ! É a sua letra e o modo como assinava o nome !
Algum tempo depois, observando que o impacto da emoção havia dado lugar a uma alegria indefinível,  lhe disse :
_ Leve-a para que seu pai e irmãos a leiam. Mas , por favor, tire uma cópia e a devolva.  Essa é minha. Maria Emília a escreveu para mim !
O mais emocionante, porém,  e que ele me contou logo após eu ter falado sobre o presente que eu dera a ela em seu aniversário, foi quando me disse que aquela caixinha de música sua mãe a mantivera sempre sobre seu piano. Com sua passagem para o Outro Lado da Vida o piano ficara para sua irmã  e ela a conservava ainda no mesmo lugar.  A bailarina ainda dançava cada vez que abria...
Foi difícil para mim, a esta altura, conter as lágrimas.  Dias depois ele me mandava a mensagem junto com uma imagem de Santa Cecília, a padroeira dos músicos. Dizia-me que essa imagem a mãe a mantivera sempre sobre seu piano e a irmã a conservava assim até aquele dia.  Agora , ela a oferecia a mim, em nome da mãe. Não é preciso dizer da emoção que mais uma vez senti.  Coloquei-a imediatamente sobre o meu piano e ali ela se encontra. Cada vez que me sento ao piano para tocar e fazer minha terapia musical,  eu a olho e me lembro daquele episódio tão distante,  mas agora, sempre presente.

Piedade, 15 de março de 2011.
Texto  :  Vilma Damásio


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