“A obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um Indivíduo.
Apresenta caracteres muIto diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis
sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.”
(O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, capítulo 28º, Item 81.)
Obsessão — do latim obsessione. Impertinência, perseguição, vexação. Preocupação com
determinada idéia, que domina doentiamente o espírito, e resultante ou não de sentimentos
recalcados; idéia fixa; mania. (1)
Vulgarmente a palavra obsessão é usada para significar idéia fixa em alguma coisa, gerando
um estado mental doentio, daí podendo advir manias, cacoetes, atitudes estranhas.
Entre nós, espíritas, o termo tem acepção mais profunda, tal como foi colocado pelo
Codificador. Confrontando a significação vulgar do vocábulo e a definição de Kardec,
verificaremos que a “preocupação com determinada idéia, que domina doentiamente o
espírito”, pode também resultar da certeza da culpa existente nos recessos da mente,
denotando realmente “perseguição” a traduzir-se na presença do obsessor que vem
desforrar-se do antigo algoz ou comparsa.
Esclarece ainda o mestre lionês: (...) “a obsessão decorre sempre de uma imperfeição
moral, que dá ascendência a um Espírito mau.” (...)
“Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem
freqüentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em
precedente existência.” (2)
Obsessão — cobrança que bate às portas da alma — é um processo bilateral. Faz-se
presente porque existe de um lado o cobrador, sequioso de vingança, sentindo-se ferido e
injustiçado, e de outro o devedor, trazendo impresso no seu perispírito as matrizes da culpa,
do remorso ou do ódio que não se extinguiu. A obsessão, tanto vista do ângulo do obsidiado quanto do prisma do obsessor, somente
ocorre porque os seres humanos ainda carregam em suas almas mais elevada taxa de
sombras que de luz. Enquanto isso ocorrer, haverá obsessores e obsidiados: o domínio
negativo de quem é mentalmente mais forte, sobre o mais fraco; do credor sobre o devedor.
E haverá algozes e vítimas.
Tal estado de coisas unicamente se harmonizará quando existirem apenas irmãos que se
amem.
Resumindo, diremos: configura-se a obsessão toda vez que alguém, encarnado ou
desencarnado, exercer sobre outrem constriçãO mental negativa — por um motivo qualquer
— através de simples sugestão, indução ou coação, com o objetivo de domínio — processo
esse que se repete continuamente, na Terra ou no Plano Espiritual inferior. E, por
conseguinte, teremos o obsessor e o obsidiado.
(1) Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.
(2) A Gênese, Allan Kardec, capítulo 14º, item 46, 22.’ edição FEB.
Obsessão e Desobsessão - Suely Caldas Schubert
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