MOISÉS E O ESPIRITISMO


O melhor meio de se premunir contra os inconvenientes que se
pode apresentar na pratica do Espiritismo não é o de interditá-lo,
mas o de fazê-lo compreendido”
(cap. IV – 1º pt – item 46)
Nunca será demais comentar a proibição de Moisés que o
Deuteronômio estabelece sobre a comunicação com os mortos. Este
simples preceito do antigo Testamento tem criado os maiores
entraves para o intercâmbio entre os dois mundos. Por causa dele,
desconsidera-se toda a fenomenologia mediúnica registrada em
detalhes, nas páginas da bíblia.
Moisés, sem dúvida foi um dos maiores médiuns da história da
humanidade. Em permanente contato com os espíritos, entre os
quais destacava-se o próprio Cristo, o grande legislador Hebreu foi
intermediário dos mais significativos fenômenos de que se tem
notícia, desde a recepção do Decálogo no monte Sinai à sua própria
aparição, depois da morte no monte Tabor, ao lado do profeta Elias,
no episódio da transfiguração.
A vida de Jesus está toda assinalada pela presença de fatos
mediúnicos, denotando a ação do Mundo Espiritual sobre o mundo
corpóreo.
Baseando-se na milenar proibição de Moisés, muitos religiosos
conservadores condenam a prática mediúnica da Doutrina Espírita,
ignorando não raro por conveniência que são os próprios espíritos
que tomam a iniciativa na comunicação. Como fazer calar a voz do
Invisível?! Pode-se queimar os médiuns, mas não se queimam os
espíritos!...
Allan Kardec, em o “Livro dos Médiuns”, manifestou-se contrário
à evocação leviana dos “mortos”, chegando mesmo a desaconselhála.
Entretanto a Doutrina surgiu, como bem definiu Sr Artur Conan
Doyle, de uma “invasão organizada” que os espíritos promoveram
sobre a Terra, fazendo mesas girar, dando pancadas nas paredes e
no teto das casas, transportando objetos, materializando-se...
Foram eles, os espíritos, que espontaneamente vieram acordar os
homens para as realidades da vida espiritual.
Os fenômenos de obsessão estão aí para provar á saciedade, que
é impossível por um simples decreto demolir a escada de Jacob... A
cada passo Jesus se defronta com possessos de toda espécie que
eram, por assim dizer, vampirizados pelos espíritos que agiam
como “comensais” em sua vida física e psíquica
Seguindo os passos do Dr. Bezerra de Meneses, que publicou o
célebre “A loucura sobre novo prisma”, o nosso confrade recém
desencarnado Dr. Inácio Ferreira, durante cerca de cinqüenta anos
efetuou pesquisas no sanatório Espírita de Uberaba, publicando
diversas obras sobre psiquiatria e reencarnação. Isto,
evidentemente, sem mencionarmos o esforço de outros grandes
pioneiros da área, cujas obras permanecem inéditas para a grande
maioria.
Kardec, através desse livro monumental que é o “Livro dos
médiuns” suspendeu o véu que nos toldava a visão do Invisível e
pavimentou os caminhos a fim de que através da mediunidade, nos
movimentássemos com segurança.
Ao invés de hospitais psiquiátricos, as chamadas reuniões de
desobsessão se multiplicaram nos grupos espíritas e o intercâmbio
passou a ser controlado sem maiores problemas, com os espíritos
infelizes sendo evangelizados e com os médiuns sendo esclarecidos
quanto à sua condição.
Desde que o codificador descortinou para a humanidade os
caminhos de Além-túmulo, os espíritos não mais puderam agir tão
ás ocultas quanto agiam, porque foram “descobertos” em seu
próprio domicilio. Tiveram que atuar de forma mais sorrateira,
convictos de que, doravante não mais poderiam contar com o
anonimato que lhes garantiam imunidade. Referimo-nos é claro,
aos espíritos que se compraziam e se comprazem no processo de
obsessão.
Os próprios medianeiros foram instruídos a respeito da
problemática da sintonia, aprendendo a direcionar essa ‘antena’
para os sinais positivos emitidos pelos espíritos mais esclarecidos,
transformando-se em canais receptores de mensagens de ordem
superior.
Façamos, ao final destes apontamentos, uma consideração que
consideramos oportuna: A prática do Espiritismo inclui a prática da
mediunidade, mas a prática da mediunidade em si não tem nada a
ver com a prática do Espiritismo, cuja finalidade precípua é reviver
o cristianismo.

Mediunidade e Evangelho - Carlos A. Baccelli - Odilon Fernandes

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