Chico, por vezes, tinha o hábito de ir tomar café no antigo "Bar 1001",
que se localizava no centro de Uberaba. Hoje, ele já não existe.
Quando saía da "Comunhão Espírita-Cristã", já madrugada, ao fim das sessões públicas de psicografia, ele costumava, inclusive, nos bons tempos, sempre acompanhado por pequeno grupo de amigos, descer a pé, em agra-
dável bate-papo à luz das estrelas.
O percurso da "Comunhão" ao centro da cidade não era pequeno: dis-
tava alguns quilômetros! Para voltar, quando não dispunha de carona.ele
tomava um táxi.
Era comum, por exemplo, que um ou outro boêmio alccolizado o abordasse no bar, solicitando alguns trocados, ao que ele nunca se negava.
Noutras oportunidades, era um cachorro vadio, maltratado e faminto, que
dele se aproximava à espera de algum alimento.
Em certa ocasião, foi um cachorro vira-lata, com a cauda entre as
pernas, que, depois de pousar em vão os olhos pedintes em cada um dos que ali estavam, cruzou os seus, súplices, com os do Chico, que levava a xícara de
café quente à boca.
- Vejam, que cachorro lindo! - exclamou, chamando a atenção dos indiferentes. - Como ele é dócil!...Deve estar perdido e com fome, coitado!
E, de imediato, solicitou ao rapaz que atendia ao balcão que lhe desse um pastel e uma coxinha das maiores, com sua cândida ternura passando a alimentar o pobre animal.
- Chico - disse-lhe um amigo - , ele é um vira-lata...Não tem pedigree!
- Ah, então ele é igual a mim, meu filho! - respondeu humilde, como se , dentro daquele acanhado recinto, somente os dois tivessem alma para entender um ao outro.
Chico Xavier, o amigo dos animais. / Cqrlos A. Baccelli
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